- Então, você sempre foi uma pessoa "encanada", é isso? - concluiu a psiquiatra em consulta depois de ouvir a minha tentativa de explicar as "cismas" que sempre cirandaram minha vida ao longo dos anos. Eu via as pessoas fazendo as coisas do dia-a-dia, e às vezes me vinham pensamentos: "Mas será que é assim mesmo que se faz? Será que assim limpa mesmo? Mas será que assim é o certo?"; e depois destes "segundos bobinhos" dava de ombros praquilo, e fazia como todo mundo estava fazendo, fosse numa festa ao meu servir dos quitutes dispostos, fosse na limpeza e/ou manuseio de algum objeto... Com uma pontinha de ansiedade e insegurança, confesso. E assim seguia. Até que a vida foi me levando a ficar tão sensível, tão mais do que eu já era, que as "cisminhas" dos pensamentos corriqueiros começaram a segurar uma lupa, e pareciam trocar a lente com frequência, porque iam aumentando, e aumentando as "coisas" aos meus olhos, até levá-las a uma dimensão intimidadora.
Do distúrbio de ansiedade eu já sabia (sofria com ele desde pequena, desde a infância mesmo), mas agora, de lavar as mãos, e lavar, e lavar de novo, e de repente começar a sentir tanto incômodo por tocar as coisas, era novidade. Foi um susto. Mas quem é que está preparado para o T.o.c? Esta coisa sorrateira, que faz de uma formiga um formigueiro. Mas, a verdade é que as coisas "ainda são como são". Não houve nenhuma invasão alienígena, nenhum ataque de monstros mutantes, ou coisa parecida, que tivesse alterado a vida, e como ela funciona. A formiguinha é só uma formiguinha, como foi criada para ser. Culpa é desta lupa que faz de tudo pra grudar e não deixar a gente ver as coisas da forma certa.
A vida ainda funciona do mesmo jeito. As poesias ainda são encantadoras. As paisagens ainda são inspiradoras. A culinária ainda tem toda a sua poesia também.
É... As coisas não estão tão "sujas" assim. Não estão nada "sujas".
É... As coisas não estão tão "sujas" assim. Não estão nada "sujas".
Oi....
ResponderExcluirpuxa como compreendo você.
é com calma, uma calma que a gente não conhece que vamos reaprendendo a viver, no meu caso, minuto a minuto.
estou presente e torcendo muito para você.
um abraço enorme