sábado, 9 de abril de 2011

T.o.c e o Tocar

O olhar sôfrego busca as palavras do médico no recôndito do consultório. As mãos juntas, e a postura curvada, denotam uma dura batalha constantemente travada.
- E então, Dr? – pergunta a voz insegura.
O médico suspira analisando uma prancheta trazida nas mãos. Desfaz o clima com um sorriso simpático e moderado.
- Você está sofrendo de T.o.c. – responde ao paciente.
- T.o.c? – o jovem repete, desconhecendo.
Um suspiro mais profundo acompanha o complemento da frase do prestativo e bondoso Dr. – A falta do toque.

É assim que defini o T.o.c afinal, após pensar no que ele significava, e/ou parecia aos meus olhos, ou mesmo como se colocava, e estava se colocando, na minha vida. E acho que esta é a verdade para muitas pessoas que também estão tendo que lidar com esta “dificuldade de lidar com a vida”. Coisas que buscamos (agora, outrora) tocar mais profundamente, mas ficamos barrados por uma superfície invisível que não nos deixa alcançá-las. É a falta das coisas que poderiam ter sido mais bem sucedidas… A falta dos toques com o poder de mover o coração para um universo de segurança, onde tudo tem a leveza de uma pluma, e é simples, simples assim.

Lidar com T.o.c é atravessar cortinas d’águas, que parecem de vidro, todos os dias.

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