Pintam, Marília, os Poetas...

"Pintam, Marília, os Poetas
A um menino vendado,
Com uma aljava de setas,
Arco empunhado na mão;
Ligeiras asas nos ombros,
O tenro corpo despido,
E de Amor, ou de Cupido
São os nomes, que lhe dão.
Porém eu, Marília, nego,
Que assim seja Amor; pois ele
Nem é moço, nem é cego,
Nem setas, nem asas tem.
Ora pois, eu vou formar-lhe
Um retrato mais perfeito,
Que ele já feriu meu peito;
Por isso o conheço bem."
- versos de Marília de Dirceu, Tomás Antonio Gonzaga.


Marília de Dirceu é uma obra literária que reúne as liras escritas por Tomás Antonio Gonzaga para sua amada Maria Dorotéa Joaquina de Seixas, sob os pseudônimos "Marília" e "Dirceu".

Uns dos primeiros versos românticos que li, sendo os primeiros pelos quais realmente me encantei, e que me fizeram despertar o gosto pela poesia, mais especificamente a romântica, por se tratar de uma obra tão delicada, com descrições tão graciosas, harmônicas, e declaradamente apaixonadas.

Pode ser lida pela internet no site:

http://www.biblio.com.br/defaultz.asp?link=http://www.biblio.com.br/conteudo/TomasAntonioGonzaga/mariliadedirceu.htm 


"Os seus compridos cabelos,
Que sobre as costas ondeiam,
São que os de Apolo mais belos;
Mas de loura cor não são.
Têm a cor da negra noite;
E com o branco do rosto
Fazem, Marília, um composto
Da mais formosa união."
[...]
"Tu, Marília, agora vendo
De Amor o lindo retrato,
Contigo estarás dizendo,
Que é este o retrato teu.
Sim, Marília, a cópia é tua,
Que Cupido é Deus suposto:
Se há Cupido, é só teu rosto,
Que ele foi quem me venceu."